07 setembro, 2008

De volta a Roma...

Campo de Voluntariado…Centro Enea (centro de acolhimento para refugiados)


Deixo Roma e a estação de Termini lavada em lágrimas…
Os últimos 10 dias foram especiais e únicos.
Sinto que só por esta experiência já valeu a pena voltar a Itália…e de que forma!!!!

Regresso a Prato…deixando tanto de mim em Roma…e trazendo comigo tantos sorrisos…tantas historias de vida comoventes e trágicas…rostos tristes e faces envelhecidas em corpos tão jovens…trago sobretudo comigo esses amigos que fiz durante 10 dias e que ficam para a vida.

Encontrei pessoas com um coração enorme e com uma generosidade que me deixa sem palavras. Pessoas que deixaram o seu pais porque a sua vida estava em perigo. Pessoas que deixaram tudo para aqui começarem de novo.
E nos olhos de todas elas vi esperança…desespero…incompreensão…força e preserverança…dor…angustia. Solidão.
Chorámos, rimos, dançámos ao som de músicas afegãs, demos a conhecer o nosso mundo e em troca recebemos palavras lindas mas também relatos de um mundo que não conheço…que no fundo está longe da realidade em que vivo

Aprendi sobretudo a importância da amizade, da tolerância, da generosidade, da espontaneidade, do respeito, da partilha de culturas, do apenas “dar”.
Do verdadeiro valor da palavra “globalização”.

Regresso sobretudo com um coração fragilizado…ouvi histórias na primeira pessoa acerca de guerra, destruição, mortes…
E no fundo eles serão sempre os coitados que nasceram no sítio errado e nós os felizardos…porque na verdade não fazemos ideia do que se passa no outro lado do mundo.
Mas apesar de tão descrente que estou acerca do mundo e das pessoas em geral…com esta experiência acredito sim que é possível mudar alguma coisa com tão pouco…

Acima de tudo…foi muito mais aquilo que recebi…e de tal forma que passados alguns dias do final do campo é-me ainda muito difícil por no papel todas as minhas emoções…tudo aquilo que vivi.
Sinto-me ainda frágil e confusa…voltar ao meu pequeno mundo tem sido difícil. Impossível deixar para trás e ficar indiferente a histórias e pessoas das quais recebi grandes lições de vida.